Enterococcus Resistente à Vancomicina e Enterobacterales Resistentes aos Carbapenêmicos em culturas de vigilância epidemiológica

Autores

  • Felipe Leocádio Pinheiro Universidade Federal de Juiz de Fora
  • Patricia Guedes Garcia Universidade Federal de Juiz de Fora

Palavras-chave:

Enterobacteriaceae resistentes a carbapenêmicos, Enterococos resistentes a vancomicina, Vigilância epidemiológica, Resistência bacteriana à antibióticos

Resumo

O elevado número de bactérias multidrogas resistentes (MDR), como Enterobacterales resistentes aos carbapenêmicos (ERC) e Enterococcus resistentes à vancomicina (VRE), associado a escassez de terapia eficaz, representa um dos maiores desafios para o controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde. As culturas de vigilância epidemiológicas possuem um papel importante na prevenção e controle destas infecções. Este estudo teve como objetivos avaliar a prevalência de VRE e ERC, em culturas de vigilância epidemiológica, de pacientes hospitalizados, bem como sua distribuição por gênero e setores hospitalares.   Foi realizado um estudo transversal descritivo retrospectivo, em bancos de dados de um hospital de ensino da cidade de Juiz de Fora, MG, onde foram coletados dados de cultura de vigilância epidemiológica para VRE e ERC, no período de junho de 2021 a julho de 2022.  Foram submetidos à cultura, 1090 swabs retais, destes 277 (25,4%) foram positivos para bactérias MDR, sendo 6,9%  positivos para VRE, 8,9%  positivos para ERC e 9,6% positivos para bastonetes Gram negativos não fermentadores MDR. Os fenótipos VRE e ERC foram mais isolados em pacientes do gênero masculino com 60,5% dos isolados. As enfermarias tiveram 15,7% de positividade para VRE e ERC, sendo 7,2% de VRE e 8,5% de ERC. Na unidade de terapia intensiva (UTI) foram positivos 18,1% dos swabs, com 4,3% para VRE e 13,8% para ERC.  Ambos fenótipos foram mais isolados em pacientes que estavam hospitalizados em UTI.

Palavras-chave: Enterobacteriaceae resistentes a carbapenêmicos; Enterococos resistentes a vancomicina; Vigilância epidemiológica; Resistência bacteriana à antibióticos.

 

Abstract

The high number of multidrug-resistant bacteria (MDR), such as carbapenem-resistant Enterobacterales (CRE) and vancomycin-resistant Enterococcus (VRE), associated with the scarcity of effective therapy, represents one of the greatest challenges for the control of Care-Related Infections the health. The epidemiological surveillance cultures have an important role in the prevention and control of these infections. This study aimed to evaluate the prevalence of VRE and CRE, in epidemiological surveillance cultures, of hospitalized patients, as well as their distribution by gender and hospital sectors. A retrospective descriptive cross-sectional study was carried out in of a teaching hospital in the city of Juiz de Fora, MG,  from June 2021 to July 2022. 1090 rectal swabs were cultured, of which 277 (25.4%) were positive for MDR bacteria, 6.9% positive for VRE, 8 .9% positive for CRE and 9.6% positive for non-fermenting gram-negative bacilli MDR. VRE and ERC phenotypes were more commonly isolated in male patients, accounting for 60.5% of the isolates. The wards had a 15.7% positivity rate for VRE and ERC, with 7.2% for VRE and 8.5% for ERC. In the intensive care unit (ICU), 18.1% of the swabs were positive, with 4.3% for VRE and 13.8% for ERC. Both phenotypes were more frequently isolated in patients who were hospitalized in the ICU.

 Keywords: Carbapenem-resistant Enterobacteriaceae; Vancomycin-resistant Enterococci; Epidemiological surveillance; Bacterial resistance to antibiotics.

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Publicado

19-12-2024

Como Citar

Pinheiro, F. L., & Garcia, P. G. (2024). Enterococcus Resistente à Vancomicina e Enterobacterales Resistentes aos Carbapenêmicos em culturas de vigilância epidemiológica. REVISTA CIENTÍFICA DA FAMINAS, 19(1), 31–38. Recuperado de https://periodicos.faminas.edu.br/index.php/RCFaminas/article/view/728