Prevalência da perda de olfato e paladar e alterações de hábitos alimentares em indivíduos acometidos pela COVID-19
Abstract
1 Introdução
A infecção viral ocasionada pelo Coronavírus (COVID-19) compreende um grande desafio de saúde pública, cuja evolução cursa com a presença de sintomas variados, sendo evidenciado, em alguns casos, manifestações de ageusia, que consiste na perda do paladar, e de anosmia, que representa a perda da função olfativa, os quais podem desencadear desinteresse e recusa alimentar, ocasionando consequente perda de peso, desnutrição e limitações nutricionais, colocando em risco a saúde do indivíduo [1,2]. Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência da Covid-19 sobre a perda de sentidos sensoriais e o reflexo de tal questão sobre os hábitos alimentares de indivíduos acometidos.
2 Métodos
Trata-se de um estudo transversal realizado no mês de agosto de 2021 após as concordâncias junto aos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido onlines. A pesquisa foi realizada com indivíduos adultos acometidos pela COVID-19. Utilizou-se um formulário eletrônico disponibilizado na plataforma Google Forms®, o qual contemplava questões sobre alterações das funções sensoriais de olfato e paladar após o contágio pela COVID-19. Os dados foram analisados no programa Excel, versão 2016.
3 Desenvolvimento
Participaram da pesquisa 50 indivíduos que apresentaram diagnóstico positivo para a COVID-19. A demografia dos dados mostrou idade com variação entre 18 e 57 anos (média de 32,15 anos), com maior representação do sexo feminino (60,0%) e predomínio de participação de mineiros (96,0%). A prevalência da ocorrência de anosmia foi de 72,0% e de ageusia foi de 78,0%. A perda das funções sensoriais foi evidenciada prevalentemente em indivíduos do sexo feminino (60,0%), entretanto, 24,0% dos homens participantes também as relataram. Da mesma forma, foram mais frequentemente declaradas por mulheres (52,6%) em um estudo com indivíduos infectados na Itália, no qual, apenas 25,0% dos homens apresentaram os sintomas [3]. Dentre os entrevistados que relataram a ocorrência de ageusia, 32,0% alegaram sentir repulsa por determinados alimentos, com destaque para café e refrigerante tipo “cola”. Além disso, cerca de 42,0% relataram preferência por determinados sabores durante a infecção, sendo 20,0% para alimentos doces, 16,0% para alimentos salgados, 6,0% para alimentos azedos e 4,0% para alimentos amargos. Ressalta-se que um elevado nível de glicemia promove a síntese de citocinas pró-inflamatórias e estresse oxidativo, o que pode implicar em uma maior propensão para infecções e consequente piora da resposta imune à COVID-19 [4]. Foi evidenciado que, 80,0% dos participantes relataram redução de consumo alimentar no período da infecção pelo vírus Sars-CoV-2 e 50,0% apresentaram perda de peso, sendo 32,0% com perda acima de 3 kg. Por fim, observou-se que 72,0% dos indivíduos com perda/alteração de olfato e/ou paladar, não procuraram por ajuda médica ou nutricional e que 30,0% desses declararam a não recuperação total das funções sensoriais mesmo após a cura.
4 Considerações finais
Ageusia e anosmia se fizeram presentes de forma expressiva e, junto da infecção, possivelmente contribuíram para alterações nos hábitos alimentares dos indivíduos acometidos.
References
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