Emoções e relações escolares de adolescentes com TEA não verbais.

Autores

  • Delma Donizete Silva Coli Universidade Católica de Petrópolis
  • Luciana Xavier Senra Universidade Católica de Petrópolis

Palavras-chave:

Adolescência, Transtorno do espectro autista, Inclusão escolar, Relações sociais

Resumo

As relações sociais são atributos indispensáveis ao desenvolvimento da humanidade. Esse desenvolvimento ocorre desde a primeira infância, mas é na adolescência que esse processo se amplia e se torna mais complexo devido às buscas por pares. Contudo, para adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) essa complexidade é ainda maior devido às dificuldades de interação social e de comunicação. Devido a essas dificuldades o estudo visou compreender como é feito o manejo de emoções hostis (raiva) e as condutas agressivas nas relações sociais de adolescentes com TEA - não verbais sob a ótica de professores do atendimento educacional especializado do ensino fundamental II e ensino médio em escolas de tempo integral de um município do estado do espírito santo. Trata-se de uma pesquisa transversal de natureza exploratória e abordagem qualitativa, submetida e aprovada no comitê de ética e pesquisa com seres humanos (CAAE nº 76564123.9.0000.5281), com emprego de entrevista semiestruturada e de inventários sobre interações sociais (BRIEF e TRF) com os referidos professores. Para análise dos dados foi utilizada a técnica de análise temática para o conteúdo das entrevistas e apuração dos escores conforme instruções dos instrumentos psicométricos utilizados. As entrevistas com os professores revelaram ausência de formações sobre o tema autismo e suas respectivas particularidades, a fim de desenvolver estratégias de intervenções individuais e coletivas; ausência sobretudo com o propósito manejar condutas agressivas, evitando emoções hostis de irritação e raiva para melhora das relações sociais entre os pares. Os resultados dos questionários, por sua vez, corroboraram com a revisão sistemática da literatura, a qual, além de ter evidenciado poucos estudos sobre o TEA em adolescentes não verbais, apontou que as emoções e comportamentos dos adolescentes com TEA não verbais constituem um construto neurobiológico, mas tende a apresentar benefícios quando influenciado positivamente pelas relações sociais. A pesquisa tendo alcançado os objetivos propostos, se mostrou relevante por lançar luz sobre o tema embora apresente limitações quanto ao tamanho da amostra, sugerindo a importância de pesquisas futuras.

Palavras-chave: adolescência, transtorno do espectro autista, inclusão escolar e relações sociais.

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Publicado

08-12-2025

Como Citar

Donizete Silva Coli, D., & Xavier Senra, L. (2025). Emoções e relações escolares de adolescentes com TEA não verbais. REVISTA CIENTÍFICA DA FAMINAS, 20(2), 66–89. Recuperado de https://periodicos.faminas.edu.br/index.php/RCFaminas/article/view/992