Estratégias educativas e seus efeitos na aceitabilidade de hortaliças entre crianças de idade escolar
Resumo
Objetivou-se avaliar o efeito de estratégias educativas conjuntas sobre a aceitabilidade sensorial de produtos elaborados com hortaliças de baixa aceitação e/ou conhecimento entre crianças. Também, avaliar a composição físico-química desses produtos. Participaram da pesquisa 793 crianças (7 e 10 anos). Na implantação da horta foram cultivadas as 5 hortaliças com maior percentual de baixa aceitação/conhecimento pelas crianças (agrião, espinafre, acelga, berinjela e rabanete), que foram utilizados nos produtos elaborados nas oficinas: quibe de agrião, panqueca de espinafre, rocambole de acelga, pão de mel de berinjela e torta de rabanete. As crianças também participaram de atividades teóricas e práticas relacionadas aos temas de alimentação saudável, biodiversidade e sustentabilidade. As crianças foram organizadas em 2 grupos: grupo intervenção, que participou das ações educativas e grupo controle, que apenas avaliou sensorialmente os produtos sem participar de nenhuma ação. As atividades aumentaram a aceitabilidade dos produtos (p<0,05), com índices de aceitabilidade elevados (>70%). Maiores teores de umidade, cinzas e lipídio foram observados para a panqueca. O quibe apresentou quantidade superior de proteína e teores inferiores de lipídio, carboidrato e energia, enquanto o pão de mel teve os menores conteúdos de umidade, cinzas e proteína e maiores de carboidrato e energia. O quibe e o pão de mel apresentaram maior concentração de fibra. Conclui-se que estratégias educativas realizadas de forma conjunta são eficazes para melhorar a aceitabilidade de produtos elaborados com hortaliças de baixa aceitação e/ou conhecimento entre crianças de idade escolar. Também, promovem o consumo de alimentos com um bom perfil nutricional.
Palavras chaves: Hortas escolares; Hortaliças; Oficinas culinárias; Educação alimentar e nutricional; Composição nutricional e físico-química.
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