Análise sistemática das agressões por queimadura em crianças e adolescentes

Autores

  • Rafaella Souza Acadêmicos do Curso de Farmácia da Faculdade de Minas (FAMINAS). Campus Muriaé. Muriaé – MG, Brasil

Resumo

1 Introdução

Agressões são definidas como um ataque à integridade física ou moral do indivíduo [1]. O termo “síndrome da criança espancada", utilizado pela primeira vez em 1962, faz parte dessa definição devido ao grande número de crianças vítimas de traumas não esclarecidos e não acidentais, associando-se à violência física [2]. As agressões podem ser classificadas em diferentes categorias, sendo a queimadura uma delas (5 a 22% dos casos de abuso infantil) [3]. Existem diferentes tipos de causas de queimaduras como escaldaduras, cigarro, chamas, contato, entre outros [4]. O presente estudo visa realizar uma revisão bibliográfica sistemática de artigos publicados entre 2002-2021, a fim de analisar e explicar os tipos de lesões de agressão por queimaduras encontradas em crianças e adolescentes.

 

2 Desenvolvimento

A queimadura é utilizada como punição em criança e adolescentes, sendo a escaldadura a forma mais comum, causada por imersão, derramamento ou respingos, em 80% dos casos com água quente. As queimaduras por agressão ou acidentais, são difíceis de distinguir, dificultando assim a ajuda de crianças e adolescentes em situação de abuso. No entanto, queimaduras encontradas em nádegas, períneo, face, dorso das mãos e membros inferiores tem sido relacionado ao abuso, uma vez que, é improvável que queimaduras nesses locais tenham sido acidentais [5]. Além das regiões, diferentes padrões são observados em lesões acidentais ou agressões. A imersão forçada possui lesão mais profunda e uniforme, simétrica e com linhas bem demarcadas, chamadas de marcas de maré [4]. Outros padrões encontrados na imersão são as listras de zebra (submersão com as extremidades flexionadas, poupando o contato com o líquido quente), o buraco de rosca (nádegas são pressionadas contra uma superfície mais fria do que o líquido, preservando-a da queimadura) e a queimadura em luva/meia (mãos/pés introduzidos forçadamente em água quente, lesões com delimitações simétricas e bem demarcadas) [5]. A escaldadura por derramamento e respingos são mais difíceis de classificar como abuso, facilmente confundidas como ato acidental, pois possuem bordas não regulares, profundidade não uniforme e várias áreas de queimaduras [3]. No cigarro, as lesões abusivas são bem demarcadas, circulares e medem cerca de 7-10 mm de diâmetro, enquanto a acidental tende a ser oval e mais superficial [6]. A queimadura por chamas ocupa o segundo lugar de agressões, apresentando uma profundidade extrema da lesão e áreas limitadas. Pode-se destacar ainda, as demais queimaduras por contato (ferro quente, secadores de cabelo, radiadores), com lesões geralmente bem demarcadas e múltiplas [7].

 

3 Considerações finais

Observa-se que as queimaduras são usadas como forma de abuso em crianças e adolescentes, e provocam lesões bem delimitadas, podendo ser usado como indicador de agressão junto com as localizações. Diante disso, é fundamental o conhecimento de profissionais da saúde para distinguir e apontar lesões características de abuso, possibilitando intervenções imediatas, uma vez que as crianças e adolescentes, não conseguem se livrar de seus agressores.

Referências

COELHO, E. B. S et al. Violência: definições e tipologias. Florianópilis. UFSC, 2014.

PIRES, A. L. D.; MIYAZAKI, M. C. O. S. Maus-tratos contra crianças e adolescentes: revisão da literatura para profissionais da saúde. Arq Ciênc Saúde, v. 12, n. 1, p. 42-9, 2005.

GONDIM, R. M. F. et al. Violência contra a criança: indicadores dermatológicos e diagnósticos diferenciais. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 86, p. 527-536, 2011.

KOS, L.; SHWAYDER, T. Cutaneous manifestations of child abuse. Pediatric dermatology, v. 23, n. 4, p. 311-320, 2006.

STRATMAN, E.; MELSKI, J. Abuso escaldante. Arquivos de dermatologia, v. 138, n. 3, p. 318-320, 2002.

CHEN, W. et al. Suspected Child Abuse and Neglect: Assessment in a Hospital Setting. IMAJ, v. 4, p. 617-623, 2002.

CAMARGO, C. L. d. C. et al. Lesões por queimaduras: o reflexo da violência em crianças e adolescentes. Rev Bras Cresc Desenv Hum, v. 12, n. 2, p. 52-58, 2002.

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Publicado

20-12-2021

Como Citar

Souza, R. (2021). Análise sistemática das agressões por queimadura em crianças e adolescentes. REVISTA CIENTÍFICA DA FAMINAS, 16(2). Recuperado de https://periodicos.faminas.edu.br/index.php/RCFaminas/article/view/653